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O Ator no Teatro de Rua, rompendo com linearidade do espaço, tempo e jogo

DIÁRIO DA PESQUISA O ATOR EM SITUAÇÃO DE RUA

A experiencia no Teatro de rua, se expressa primordialmente na relação em grupo, tanto como espaço formativo como nos processos criativos. Sendo assim, os exercícios que se seguem trabalham fortemente com essas qualificações, além de espacialidade, tempo e jogo.

É característica marcante, a escuta do outro, provoquei nesse encontro que os atores e atrizes percebessem a dimensão individual e coletiva do trabalho que fazemos, não só o coletivo representado no grupo, mas também e principalmente o coletivo em manifestação na cidade, no espaço público que invadimos.

Assim lhes forneci a imagem de um todo, de um cosmos, esse compreenderia, a si próprio, os outros atores, o espaço, a dramaturgia e o jogo.

Todos os exercícios aplicados demonstraram a dificuldade dessa relação múltipla e não linear com estes diversos elementos. Somos atores muitas vezes condicionados a agir linearmente na cena, e a rua exige um espaço tridimensional, de tempo não linear e as vezes simultâneo.

Como relata uma das atrizes envolvidas na pesquisa:


"Corpo, alma, voz e emoção!

Tudo é composto e exposto de uma só vez no momento do treinamento, aquecimento e treinamento no de experimentação do meu próprio corpo.

Não sentimos dor, calor ou amor, só vontade de fazer e viver o que vem nascendo de dentro para fora do corpo. Conseguimos ficar gigantes e em alguns segundos invisíveis.

No treino, na rua, sob vários olhares, risos e gritos nos misturamos e nos confundimos com o personagem, a menina que pede, o cachorro que late e eu.

Na busca por um teatro de rua que lido no treinamento para romper com linear, e corro em busca de mais, sair do social, do bonitinho, do convencional. Entrar em outro mundo quem sabe.

Treinamos o pulso do corpo, 1,2,3,4,5 e 5,4,3,2,1 e a cada número um tom, Toques, impulsos 3 pessoas ao redor e eu a onça brava no meio, sentir o outro antes de me tocar, sentir calor humano, e percepção aguçada é o que buscamos." (atriz Marília Vilas Boas)

Espaço tridimensional, pois as direções da ação cênica tendo como referencia a posição dos atores e publico, trabalha com diferentes direções (lateralidade, frontalidades, posteridade; e o ator/atriz não tem controle disso,portanto é uma cena fluída,inconstante,o ator e atriz não a domina,não controla.Ele joga e brinca, relaciona-se nesse experiência.

A disponibilidade para o jogo, a experiencia na improvisação, prontidão e brincadeira para lidar com o imprevisível, são características importantes para o ator/atriz na rua. Situações inesperadas podem acontecer, a rua atravessa a dramaturgia, cenário e jogo do espetáculo, não tem como se fechar para o público, o público também a cena, O ator e atriz de rua, não se fecha em seu personagem, texto, ação, ao contrário ele se expande,"se arreganha", joga e brinca, se constrói e fortalece a cada nova experiência.


1° exercício

Caminhada pelo espaço individualmente, utilizando o pulso de 1 a 10, sendo que no 05 o pulso é do andar normal, menos de 05 pulso vai diminuindo, mais de 05 pulso vai aumentando.esse exercício preparatório, ajuda os atores, a centrar no trabalho em sala, preparando-os tanto exteriormente como interiormente

2° Exercício

Os atores devem caminhar no pulso de 1 a 10 juntos, com a observação que devem começar juntos e terminar juntos. A facilitadora deverá dar os pulso e muda-lo. Um exercício muito importante para o trabalho em grupo como forma de desenvolver qualidades como: escuta prontidão, conexão, espacialidade. Sendo o trabalho no Teatro de rua fortemente pautado no trabalho em grupo, é fundamental aplicar exercícios voltados para essas características.


3° exercício

Coro e corifeu, os atores posicionam-se de forma que fiquem com ombros alinhados, podemos fazer uma analogia com o voo dos pássaros, onde os mesmos ficam alinhados de modo que conseguem visualizar quem está a sua frente, mas também o pássaro principal (corifeu) que guia os outros. Nesse exercício o corifeu propõe diferentes movimentos e o coro deve reproduzir no mesmo tempo. Eles estão voando, devem se ajudar e a escuta em grupo é muito importante. Ocorre uma variação do ator ou atriz que será o corifeu, o corifeu deve atentar para seu coro, assim, seus movimentos, ritmo, velocidade deve não só pensar em si próprio, mas no coro que o segue, o coro deve começar e terminar juntos.

4°exercício

Exercício de exploração do espaço, sendo este um espaço urbano, os atores devem se espalhar pelo espaço, em caminhada, em seguida vão falando os nomes os dos outros, trabalhando diferentes características. O objetivo é alcançar estados de relação e jogo entre os atores, explorando distancias espaciais, opostas, intenções opostas, assim como posições e intenções equivalentes.

Falar como se estivesse perto

Falar como se a pessoa estivesse bem longe

Falar como se estivesse perto, mas os atores se posicionam longe;

Falar como se estivesse longe, mas os atores estão perto;


5° exercício

Os atores devem caminhar pelo espaço, em uma pulsação única, a cada indicação da facilitadora, realizam uma ação física, explorando: espaço, objetos neste espaço, elementos neste, espaço. Um trabalho que potencializa a improvisação e disponibilidades dos atores para o jogo pessoal com destes com o espaço


6° exercício

Os atores devem caminhar pelo espaço, em uma pulsação única, a cada indicação da facilitadora, realizam uma ação física, explorando: a relação com a tríade ator-espaço-outro ator. Um desdobramento do exercício anterior, porém agora se acrescenta a relação com o espaço e com os atores que estão no jogo. Ainda potencializando a improvisação e disponibilidade para o jogo não apenas consigo, mas em relação com o outro.


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